segunda-feira, 1 de junho de 2009

"Eu quero moeda"

Por Renata Bernardino
É extremamente comum nos depararmos com crianças que pedem esmola nos faróis. Andam de janela em janela na esperança de acumularem algum dinheiro. Dar ou não dar, eis a questão!

Existem os que dão por compaixão, os que o fazem para a criança ir logo embora e os que não sabem o que fazer por receio do rumo do dinheiro! Muitas crianças são usadas para pegar esmola para os pais que, geralmente, estão por perto para fiscalizar. Sempre há o “administrador” dos lucros.

Os bebês são a ferramenta de chantagem emocional mais comovente. É impossível não sentir nada. Ver uma criança descalça, aquelas mãos tão pequenas, roupas sujas, já é triste, um bebê então, nem se fala.

Belo dia desses de inverno, estava rumo à pós-graduação quando me deparei com a famosa cena das crianças nos faróis. Sempre ando com o vidro do carro fechado para evitar assaltos. Avistei a menina andar ao meu encontro sem ter tido sucesso com o carro anterior.

Rapidamente peguei a barrinha de cereal que sempre levo. Abri o vidro e dei pra ela. “Olha, para você comer”. Pensei que a garotinha fosse ficar contente, afinal ia ter algo para se alimentar. Mas levei uma bordoada na orelha: “eu quero moeda!”. Fiquei um tanto quanto atordoada, além de fula da vida! Disse que não tinha moeda. Ouvi o irmão, que segurava um bebê, chamar a menina enquanto engatava a primeira. Abri mão da minha janta para alguém que queria moedas para, certamente, comprar alguma droga. O problema não é dar, e sim o que se dá!

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