sexta-feira, 3 de julho de 2009

Viver...

Por Renata Bernardino

Como diria Darcy Ribeiro Ribeiro "viver é ir deixando troços, pedaços de alguém pelo mundo. Unhas que se cortam, cabelos que se aparam, palavras, sobretudo palavras. Palavras que têm uma vida muito breve, um fulgor entre uma boca e um ouvido, às vezes muito emocionadas, mas que depois de ditas desaparecem para sempre. "

Sempre que leio essa frase fico impactada. Ribeiro resumiu perfeitamente o quê fazemos na vida. Nesses tempos de endeusamento das celebridades, parei para pensar um pouco na relação vida e morte. As pessoas têm ficado mais famosas na pós vida, mas por quê? Porque só valorizar alguém depois que essa pessoa não está mais aqui?

Creio que todos os mortais seguem a frase do Darcy. Deixam seus troços, sejam quais forem, músicas, poemas, livros, pinturas, entre outros, que ficam marcados para a humanidade ou uma irmandade. As palavras ditas, as omitidas. Páginas viradas, escancaradas, as que terminaram sem ao menos serem escritas.

Tudo passa tão rápido quanto o intervalo de cortar as unhas. E fazemos coisas tão alienadamente. Quando percebemos mais um ano terminou. Fazemos as promessas, pulamos sete ondas, temos a esperança de momentos melhores. Passa uma semana, acaba janeiro e logo vem outro ano novo. Nesse momento, muitas vezes, percebemos que fazemos as mesmas promessas do ano anterior.

No meio disso tudo, onde ficam as outras pessoas? Aquelas que existem ao nosso redor. É, existem outras pessoas que deixam troços, cortam unhas e cabelos. Muitas delas endeusamos, achamos que são imortais, e, ao mesmo tempo que estão tão longe de nossas vidas, elas estão impregnadas em nós. Mas refiro-me àquelas que convivem conosco todos os dias. Às vezes ouvimos palavras que demoram a desaparecer, creio que têm algumas que marcam para sempre. Você já disse o quanto ama as pessoas ao seu redor? É melhor não esperar o pós vida e lamentar por nunca ter manifestado seus sentimentos.

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